Instalado no encontro da Rua José Linhares com a Avenida Ataulfo de Paiva, o Bracarense, um dos botequins mais tradicionais do Leblon, recebeu nesta quinta-feira (25/11) a placa de Patrimônio Cultural Carioca, fornecida pelo Instituto Rio Patrimônio da Humanidade (IRPH), órgão da Secretaria Municipal de Planejamento Urbano. Em evento aberto ao público, a placa foi entregue a Kadu Tomé e sua mãe Dona Rosa, donos do estabelecimento. Estiveram presentes no evento: o secretário municipal de Planejamento Urbano, Washington Fajardo; o secretário municipal de Fazenda e Planejamento, Pedro Paulo; o secretário municipal de Esportes, Guilherme Schleder; a presidente do Instituto Rio Patrimônio da Humanidade, Laura Di Blasi; e o cantor e compositor Moacyr Luz.
– Reconhecer os bares tradicionais da cidade é uma prioridade, desde sempre, do Instituto Rio Patrimônio da Humanidade. O objetivo desse reconhecimento é identificar e proteger lugares que contribuem diretamente para a nossa identidade e o nosso modo de viver. Então, cada botequim da cidade realiza uma contribuição para nossa qualidade de vida, mesmo para quem não frequenta, porque promove um ambiente urbano com movimento, segurança, alegria e um lugar de encontro. No caso do Bracarense, ele vem realizando isso desde 1961: gerando empregos e contribuindo para esse espírito carioca – disse Washington Fajardo.
A homenagem coincidiu com o aniversário de Kadu Tomé, um dos donos do bar e neto do fundador, o português Arnaldo Tomé, que inaugurou o “Braca” – como é conhecido pelos clientes mais assíduos – em 1961. O bar recebeu o nome em homenagem à cidade portuguesa de Braga e, ao longo do tempo, possuiu frequentadores ilustres como João Ubaldo Ribeiro e Tom Jobim. Com a entrega da famosa plaquinha azul, o Bracarense é o 29º bar a integrar o Circuito dos Botequins, que conta com bares tradicionais na cidade, como Amarelinho, Bar da Portuguesa, Jobi e Adega Pérola. O circuito visa identificar os locais característicos e tradicionais da boemia, afirmando o significado destes locais para a cultura carioca.
– Homenagear o Bracarense é homenagear a história dos botequins, uma característica marcante do Rio de Janeiro. Mas, além do valor patrimonial, cultural e histórico, também temos o valor econômico desse setor que é tão importante para a economia carioca. Os turistas vêm ao Bracarense e a outros bares da cidade, passam momentos felizes e também deixam seus recursos. E isso gera empregos. Para que alguém tome seu chope ou coma uma empada no Bracarense, centenas de empregos foram gerados. Isso movimenta a economia da cidade, que tem características peculiares, mas é a mais incrível do planeta – afirmou Pedro Paulo.
Além de abrigar o bar tradicional, o prédio onde o Bracarense está localizado é um imóvel preservado, por ficar na Área de Proteção ao Ambiente Cultural – APAC – do Leblon. Para entender melhor: em uma APAC, independente do valor individual deste ou daquele imóvel, o que importa é o valor do conjunto. Um bem é indicado para preservação quando pertence a um conjunto arquitetônico cujas características compõem a ambiência do bairro.
– O Bracarense é um botequim de 60 anos, um espaço tradicional da Zona Sul da cidade. Entregar a placa do Circuito do Patrimônio Cultural Carioca, e inseri-lo no Circuito dos Botequins, é homenagear a tradição iniciada pelo Sr. Arnaldo Tomé: oferecer um ambiente amigável, que representa a boemia carioca – declarou Laura Di Blasi.
Circuitos do Patrimônio Cultural Carioca
As placas de identificação de bens e locais começaram a ser instaladas em 1992, mas, desde 2010, os Circuitos do Patrimônio Cultural Carioca começaram a ser feitos por temas que valorizem o patrimônio cultural. Os circuitos deixaram de ser focados em arquitetura e passaram a abranger temas livres, ligados à cultura e à identidade carioca. Por meio da fixação de uma placa informativa, a Prefeitura do Rio seleciona locais de destaque para cada tema. Em cada placa, os visitantes podem saber um pouco mais sobre o local e sua importância para a história da cidade e para o tema em questão.
São 21 circuitos com bens culturais espalhados por toda a cidade. Entre os circuitos, temos: Liberdade, Art-Déco, Cinemas, Trem, Botequins, Águas, Samba, Bossa Nova, Praça Tiradentes, Herança Africana, Choro, Negócios Tradicionais e outros.