Em comemoração aos 10 anos do reconhecimento da paisagem do Rio de Janeiro como Patrimônio Cultural da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), o monumento ao Cristo Redentor foi iluminado de azul e verde na noite desta sexta-feira (01/07). As cores fazem referência ao mar e à montanha, uma representação conceitual do Sítio Paisagens Cariocas, a combinação única de natureza e cidade construída pelo homem que foi premiada com o título internacional em 1º de julho de 2012. A iniciativa da Prefeitura do Rio, por meio do Instituto Rio Patrimônio da Humanidade, em parceria com o Santuário Cristo Redentor, visa marcar a importância do reconhecimento para os cariocas.
– Foi a primeira vez que uma metrópole teve sua paisagem reconhecida como patrimônio cultural. Esse reconhecimento significou para a Unesco uma ampliação da compreensão sobre o valor e a beleza das cidades latino-americanas. No caso do Rio, isso significou um reconhecimento da inteligência brasileira em fazer uma cidade entre o mar e a montanha, com suas várias fases de desenvolvimento urbano: primeiro de exploração econômica com o café; depois científica, com interesse de explorar a fauna e a flora do Rio (marcada pelo surgimento do Jardim Botânico); e depois uma fase poética e cultural, em que a natureza do Rio surge muito presente nas músicas brasileiras. A influência transversal entre arquitetura e paisagismo, os gênios dessa área, como Burle Marx, que trabalharam com a cidade e a paisagem natural, pesaram para o título. Essa paisagem foi construída pela cultura local da cidade. Não é apenas uma paisagem natural, mas cultural, fruto da ação da humanidade, do carioca – ressalta o secretário municipal de Planejamento Urbano, Washington Fajardo.
A cidade do Rio teve sua paisagem declarada Patrimônio da Humanidade pelo comitê do patrimônio mundial da Unesco. A candidatura “Rio de Janeiro: paisagens cariocas entre a montanha e o mar” foi apresentada em 2009 pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), sendo aprovada em sessão realizada em São Petersburgo, na Rússia, três anos depois.
O título de Patrimônio Cultural da Humanidade partiu de um conceito de paisagem cultural incorporado pela Unesco em 1992 como nova tipologia de reconhecimento dos bens culturais. Ao ser reconhecido por sua paisagem cultural, o Rio quebrou um paradigma. Até 2012, os locais reconhecidos nesta categoria estavam relacionados a áreas rurais, sistemas agrícolas tradicionais, jardins históricos, entre outros.
O Rio virou uma excepcionalidade, já que foi a primeira área urbana do mundo a receber esse título. A narrativa histórica do Rio e da sua paisagem é a narrativa da relação do homem com a natureza enquanto construía a cidade. A paisagem natural e as intervenções idealizadas pelo homem, incluindo a forma como esses espaços são utilizados, tornaram o Rio um espaço singular tanto na esfera nacional como internacional.
– Esta comemoração só ratifica o esforço dos órgãos de patrimônio e da sociedade civil em promover a proteção das nossas montanhas, das florestas, da paisagem da cidade, considerando o agenciamento humano e suas manifestações culturais e sociais neste sítio de extrema beleza natural e abençoado pelo Cristo Redentor – diz a presidente do IRPH, Laura Di Blasi.